Sempre me pergunto sobre o que
fazer com o passado.... O fato é que, muitas vezes, tenho a impressão de que
não aprendemos a subtrair (ou isso seria nos trair?)
É como se a nossa memória nosso
corpo e emoções fossem como o “clichê” da natureza onde nada se perde e sim se
transforma. Não pretendo ser então inédita esse privilegio é da sessão da
tarde. O texto serve mais pra tentar organizar o “inorganizável” da consciência-memória-emoção.
Minha dúvida reside na posse das
coisas, por que desconfio que o tempo não me permita a posse das coisas? E me
refiro às sensações mais especificamente. Por que cheiro de maracujá nunca será
meu e sim do perfume de um romance que nunca aconteceu? Por que o baixo na
introdução daquela música será sempre do amor passado? Por que a fruta partida
no prato será sempre da avó?Por que aquele disco antigo será sempre do pai? E
aquela comparação sobre meus olhos será sempre duma interrogação?De quem é o
que? Há posse?
Onde se perde e encontram os
contornos de mim nos olhos dos outros impregnados em mim?
Queria ouvir o Caeiro e escolher
a realidade ao invés do tempo. Escolho tudo. Escolho a palavra.