quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Recinto


Levanta, responde
Entre bondes e sons
atravessando madrugadas
e almas.

Levanta, responde
Entre águas trocadas
muitas
olhos e peles

Levanta, responde
Ferida aberta
nas pontas dos dedos
chama e chora

Levanta, responde
Das agonias, mentiras e químicas
de onde se sabe:
Só os ressentidos são felizes.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Grandiosidades


                                           Para Manuela Muniz

Vertigem são tuas terras
Morena
Calabouço de febres

Inventaste a delícia
Morena
E uma boca pr’eu morar nela

E tranças, e transas, e tépidas formas
Gigantes.

Mão.
Nu.
E Ela.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Fruto

sumindo vejo o verbo
em atos e desatos
entre os pomos
entre os pomares
para tanger os sumos.

T.E. e L.R.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Dedicatória


Queria te escrever
um corpo
no corpo
um copo de delícias

Queria te contar
um verso
no verso
universo de nós

Queria te desenhar
um tempo
no tempo
temporal e foz

Queria ser teu alento
atento
a atentar
mais nós

Queria as selvas
Savanas de teu peito
teu leito
teu leite

Queria ser a última estrofe
do poema
poamar
sem findar.


domingo, 2 de dezembro de 2012

Reverbera


                              Para Lady

Gira  a sílaba
Labareda a língua
Silva, mansa, toma a mim

Alva a sílaba
Tecida a língua
Urge, foge, esqueces de mim

Favo a sílaba
Lavrada a língua
Some, límpida em sons
(dissolvendo o tempo)

domingo, 25 de novembro de 2012

Vela


Me leva com ela
Pro fundo
Do oceano
Eu e a sereia
Embalado
Embolado em mim
trançado
um só
como num nó
nós.
H. B. & L.R.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Pássaro Oceano



O pouso...!
E os voos...
Passarinhos... e ninhos...!
Páginas de livros a voar
E poemas que não se pode tocar.
Como nuvens: o pensamento
Notas tecidas no firmamento...
O horizonte a me atiçar
Iça as velas a ordenar:
Eis que o mastro é o tempo
O vento a velar o
Momento.

W.A. e L.R.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Espada



                                            Para Nathalya Santos

Repousa a força entre seus braços
(cansados) menina!
Entre teus olhos castanhos
Brilhando através dos vidros
e dos cacos

Refaze-te ( sempre)
E me inunda de amar.

E de tanto amar o amar.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Em copas


do mundo,
de árvores,
e cartas

de casas
nas cozinhas
nas camas
no box
embaixo dos chuveiros
em águas e cabelos
“nus” símbolos da nossa
beijada mudez.

H.B. e L.R.

domingo, 28 de outubro de 2012


Invades a sala
Feito bicho
Faz-me cativo
De tuas imagens

Olha-me entre versos, mulher
Sorri com tuas presas
Na monotonia de quem sou

Invades a sala
Leoa!
Que fiz dançar as palavras
só pra te chamar assim!

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Apelo ( A pele)



Estava eu nu
no escuro
a ouvir sinfonias

Estava
na cama de minhas mulheres
a sorver as lágrimas
de minha beleza

Sei: fatal.

Por isso sou,
Inteiro, amor.

domingo, 7 de outubro de 2012

Pro-curado


tocar o que exatamente?
corações e mentes
exatamente
exata mentes
estão/são exatamente assim
exata mente
não minto, mentes?
dizem que "está nos olhos de quem vê"
só rindo, rendes?
tem que acredite nisso
rindo..rendes..rendo
-ti
rendido.
vendido
a preço de bandido


HB e LR

sábado, 6 de outubro de 2012

Ensolarar


O sol esfaqueando as retinas
Engravidando as meninas
que parem as  brisas
que assanham meu cabelo

domingo, 30 de setembro de 2012

Lente


 Uma gota em queda livre
rastreada pelos meus olhos
Às vezes como um súdito
n’outras eu te imploro.

Nas pernas cruzadas, o medo
mentiras nuas.
Nas mãos as eternidades
As minhas, as suas.

domingo, 23 de setembro de 2012

Vou: ira(á)



Não me fale de Futuro
Sente, aqui perto. Sente.
Toque
Uma canção de flor em meu ventre

Entre as estatuas de teu jardim
Já dormiam frágeis ninfas.

Nesses versos (quentes armas)
Re-pousarás. De certo.

Não me fale de Passado.
Sente, aqui perto. Sente.
Toque
Uma canção de flor sobre meu sempre.

domingo, 16 de setembro de 2012

Sede

Em penumbra,
Teus lábios de Ártemis
Cantavam para mim
Um poema-passarinho.

A tuas mãos
Musas etéreas
Não traçam nem dançam.

A minha’lma torpor
É o delírio e a sombra
É o abrigo da angustia
O esconderijo de calmas.

Enquanto morre
o rio Tejo
os escombros de minha’lma
bebem.
Sede.
Sede rei de ti mesmo.


quarta-feira, 5 de setembro de 2012

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Дом

Trago na pele o endereço da discórdia
O nada infinito e a beleza inútil.

No fim do caminho há uma casa
Chamada silêncio.

domingo, 26 de agosto de 2012

Os Bondes

Há um Bonde escuro
Atravessando a madrugada da minha’lma
Um Bonde antigo
E antigo Bonde
A cantar tristemente mentiras pra minha’lma.

Palavras e tinta e dentes
Ferozes ou em juramento
Derretem o Bonde mesmo na chuva.

Vejo contornos do meu corpo e rosto
Atravessando alvoreceres chuviscados de agosto,
Enquanto
O verso embala o balanço de outros Bondes...

domingo, 15 de julho de 2012

Meses depois da primeira postagem surge a centelha de onde nascerá a chama dos versos e inversos que nessa pedra estarão gravados...
O objetivo é o mesmo de antes: uma "explicação" sobre o nome do blog.
O Encéfalo dos Deuses é uma livre interpretação de uma informação sobre o nascimento dos deuses e da terra na mitologia nórdica em que a abóboda celeste é formada pelo crânio esfacelado do deus Ymir. A despeito de saber que não foi o cérebro desse deus que formou o solo onde pisamos, escolhi essa imagem por que me pareceu mais bela.
E o belo não é uma escolha.